Doença, distúrbio ou tão-somente excesso de libido?
A discussão mais polêmica quando o assunto é vício em sexo, hipersexualidade, desejo sexual hiperativo (e outras terminologias mais) é se ele é considerado uma doença ou não. Segundo a ´bíblia´ dos psiquiatras, o Manual de Diagnóstico e Estatística de Transtornos Mentais (DSM-V), esse transtorno não pode, e nem deve ser mais considerado algo digno de tratamento psiquiátrico. O sexo em excesso sempre vem acompanhado, quando tratado como um vício patológico, comparado ao álcool ou as drogas, mas na realidade a visão dos especialistas tem mudado bastante sobre o assunto, e tem se livrado ao mesmo tempo de amarras puritanas que sempre associavam o sexo à algo pecaminoso, que deveria ser reprimido e por vezes evitado.
O psicólogo americano (e autor do livro ´The Myth of Sex Addiction´) David J. Ley afirmou, em um artigo à revista britânica Telegraph, que não há um ´padrão´ para o vício em sexo, o diagnóstico de um ´viciado´ é feito de acordo com o critério particular de cada terapeuta ou psiquiatra para considerar o que é uma quantidade saudável ou doentia de sexo. No novo parâmetro de diagnóstico para o chamado transtorno hipersexual, a pessoa: a) terá de ter pensado muito em sexo nos últimos seis meses e b) ter tido muitos impulsos sexuais ou ter se comportado com relação ao sexo de maneira que o ato tenha trazido algum tipo de sofrimento para ela. Esse último aspecto é o mais importante: se a pessoa estiver fazendo, pensando ou consumindo sexo (através de pornografia em filmes, Internet, revistas, sexo virtual ou por telefone) durante diversos períodos do dia e isso começar a atrapalhar suas atividades cotidianas, provocar embarasso, estresse ou até mesmo torná-la improdutiva em outras funções, é recomendável procurar ajuda. Só que, esse excesso de libido não será mais tratado da mesma forma que um alcoolismo, uma esquizofrenia ou qualquer outro distúrbio mental ou vício doentio. É apenas um distúrbio comportamental, um desvio de atenção/importância de outras coisas para a atividade sexual, que pode ter inúmeras causas (abusos sexuais na infância/adolescência, dúvidas quanto a sexualidade, abstinência prolongada, etc.) que pode ser tratado com a chamada terapia cognitivo-comportamental e/ou o uso de anti-depressivos.
No universo da mídia e celebridades, a hipersexualidade vem à tona com frequência, seja em escândalos envolvendo jogadores de basquete, atores, cantores (há lista é grande: Michael Douglas, Kanye West, Tiger Woods, David Duchovny…) e personagens de filme como o executivo milionário de Shame. Personagens ninfomaníacas (termo que, aliás, nem é mais usado para designar mulheres hipersexuais) volta e meia aparecem em comédias, novelas, muitas vezes sendo tratados com uma dose cavalar de humor. Esse pode ser um sinal de que esse vício possa estar sendo levado, aos poucos, para o plano não da mania (que pode levar à psicose, ao crime) e sim a um caminho impulsivo, uma forma mais agressiva de responder a um monte de aspectos psicológicos e sociais que nem os especialistas, ao certo, conseguem definir quais são.
Texto por Felipe de http://sexonosofa.tv